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quinta-feira, 13 de outubro de 2011


Gosto de assistir desenhos de sábado de manha, eu ainda assisto, mas me pergunto por que assisto... Deve ser por que eu ainda gosto e parece criança falar que gosto. Será que num é mais criança dizer que num gosta de algo que você realmente gosta¿ Num é pior mentir pra si mesmo¿ Qual o problema de dizer que gosta de algo¿ Qual o medo de dizer que gosta¿ Eu andava de bicicleta, é andava. Eu gostava de ter o vento no rosto e ter a sensação de ser livre, da boca pegando ar, da pele com o vento pegava, tudo parecia tão boom. Eu caia quando andava, eu lembro e corria pra casa chorando com o braço ardendo do asfalto dizendo: “Eu nunca mais vou andar de bicicleta” e meia hora depois já estava lá com o mertiolate passado no arranhão, um sorriso no rosto e com o pé na bicicleta de rodinha. Naquela época eu não tinha medo de cair, de ser radical de dizer: “NUNCA MAIS” parecia que aquela bicicleta sempre ia me querer de volta, e ela me queria, sempre, mesmo eu dizendo:” NUNCA MAIS”. Depois eu a deixei de andar de bicicleta e a deixei ali, jogada no canto, esquecida, num banheiro de uma casa em reforma, deixei cair às rodas que a andavam, o guidom que a direcionava, por que eu sabia que se eu a montasse ela ia me deixar montar nela e voltaria pra mim depois de uma bela pintura e uma boa reforma, mas eu não a quis mais, troquei a sensação de liberdade pela de ser presa dentro de um carro com o vidro fumê e um ar condicionado que imita um vendo frio artificial. Fui deixando, fui deixando de ter a sensação de ser livre sem medo de cair, sem medo de me levantar, sem medo de me decepcionar, sem medo. Quando se é criança parece que se é o Peter Pan, que nunca mais vai crescer e ser menino pra sempre. Queria ser menina pra sempre, queria não crescer, ser sempre criança. Queria correr pela fazenda dos meus tios e rolar na grama como eu fazia ai que gostoso a sensação do chão na tua pele e tua pele roçando no chão, uma troca de energia que eu não sei descrever... Queria rolar na grama e o chão não sair de mim nem com sabão, queria me sujar sem ter que pensar que mais tarde vou lavar a roupa suja, querer me sujar, quero me sujar, quero me sujar, quero-me lamelar, quero me sujar, quero me enlamear, quero me limpar pra me sujar mais forte.

2 comentários:

  1. Ser criança é bom pq a inocência nos deixa perceber a beleza das pequenas coisas que pra um adulto é banal, mas na imaginação daquela criança aquilo faz parte do seu mundo, aquilo é só seu, apenas seu!
    Acho que temos um pouco disso ainda amiga, e espero que nunca percamos essa sensibilidade!

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  2. Que curioso. Você disse pra mim que não é prosadora. É poeta. Mas veja, seu texto em prosa é muito bom!! Destaque para a última frase: "quero me limpar pra me sujar mais forte". Adorei.

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